Vestido, óculos, a bolsa com uma sombrinha e uma toalha pequena sempre a tiracolo. Com esse figurino, e a brilhante atuação de Regina Casé, Dona Lurdes – uma das protagonistas da novela “Amor de Mãe” (2019), da Globo – se tornou uma das personagens mais marcantes da TV brasileira e da carreira da atriz. Passados quase três anos desde a exibição do último capítulo do folhetim, Regina volta dar vida a essa mãezona, que não poupa esforços para proteger os filhos, só que agora no cinema, com menos drama e mais humor, em “Dona Lurdes, o Filme”, que estreia nesta quinta-feira (28).
“Ter a chance de ter reencontrado a Lurdes é uma maravilha, uma coisa que eu acho que é o sonho de todos os atores, principalmente quando o público também quer, quando o elenco também ama seu personagem e está com saudade dele; e também da autora, que não aguentou, escreveu um livro e depois o filme”, comemora Regina Casé. “O filme também vai mostrar outro aspecto da Dona Lurdes. Por mais que na novela você dê nuances, você vai ali numa canaleta. Agora, a gente vê outra Dona Lurdes, que muita gente jamais imaginou ver daquele jeito”, afirma a atriz, que frisa que a comédia dá o tom nesse novo projeto.
Escrito por Manuela Dias, mesma autora da novela “Amor de Mãe” e de séries como “Justiça” 1 e 2, “Dona Lurdes, o Filme” traz a personagem que dá título à obra reassumindo o protagonismo de sua vida ao encarar a “síndrome do ninho vazio” – quando todos os filhos deixam de morar com ela. A partir daí, ela entra numa em uma jornada de redescoberta, principalmente do amor-próprio. “Quando acabou a novela, eu fiquei pensando em como Dona Lurdes teria ficado depois de ter encontrado o Domênico (filho da personagem que foi vendido pelo marido). Eu acabei escrevendo um livro, ‘O Diário da Dona Lurdes’. Depois veio o filme, que é um pouco do livro e também já supera o livro. Foi um reencontro superfeliz”, revela a autora.
Para Manuela, o amor de mãe segue presente no longa-metragem. “Só que em um novo estágio de desafio, que é libertar os filhos e a mãe conseguir se amar de novo, amar aquela mulher e essa nova vida que vem”, explica. “Ser mãe consome muito, e, quando esses filhos vão embora, a mulher tem que se reinventar. Não à toa tem essa ‘síndrome do ninho vazio’, que é uma coisa com que as mulheres sofrem muito. Aparentemente é mais um desafio da maternidade liberar os filhos”, completa.
Regina Casé concorda com a autora e cita que, em “Dona Lurdes, o Filme”, a personagem vivencia três tipos de amor que não foram explorados na novela. “Um é esse amor-próprio. Ela estava muito ocupada não em cuidar, mas em salvar a vida de todos os filhos; eram coisas tão épicas e trágicas: um dia uma tomava tiro, o outro era preso… Então a vida dela era em função dos filhos”, conta. “Outra coisa que ela não teve e que fez falta foi uma amiga de verdade. Ela acreditou muito na amizade da Thelma (Adriana Esteves) na novela, e vamos combinar que a Thelma não foi muito legal com ela, né?”, relembra a atriz, referindo-se à chegada, no filme, da nova vizinha, Zuleide (Arlete Salles) – uma mulher que vende brinquedos eróticos e que, depois de criar os filhos, só quer aproveitar a vida.
O terceiro tipo de amor, de acordo com Regina, é o romântico, que acontece, também, com a entrada de um novo personagem na história: Mário Sérgio, vivido por Evandro Mesquita, por quem Dona Lurdes se apaixona. “Ao mesmo tempo, eles se ‘agarravam’, tinha tesão, o que é ótimo na batalha contra o etarismo, que acha que uma mulher da idade da Lurdes não pode ter tesão, não pode ter um namorado”, pontua a atriz.
Fonte: O tempo