O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin, anunciou nesta quarta-feira (4/10) medidas do governo federal para combater os efeitos da seca no Amazonas. Ele lidera uma comitiva ministerial enviada ao estado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
As medidas já haviam sido adiantadas após reunião em Brasília ontem, e visam recuperar a navegabilidade de rios da região, combater as queimadas e prestar ajuda humanitária à população afetada.
“Hoje foi dada a ordem de serviço para a dragagem do Rio Solimões. Um trecho de 8km entre os municípios de Tabatinga e Benjamin Constant. A obra deve ficar pronta entre 30 e 45 dias”, declarou o vice-presidente em coletiva de imprensa na capital do estado, Manaus. “O Ministério de Portos e Aeroportos e o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) também já estão trabalhando para, em 15 dias, contratar a dragagem do Rio Madeira mais 12km”, acrescentou.
A seca histórica enfrentada na região reduziu o nível dos rios e prejudicou a navegabilidade em alguns trechos. O transporte fluvial é essencial para a região, já que o escoamento da produção da Zona Franca de Manaus, o acesso diversas cidades e o transporte de insumos essenciais, como medicamentos, são feitos pelos rios. Além das dragagens anunciadas, o governo federal vai estudar se novas obras serão necessárias em outros trechos.
Adiantamento de benefícios
A União também vai antecipar o pagamento do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) nos municípios que decretaram estado de emergência, além do pagamento integral do seguro aos agricultores inscritos no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) que tiveram perdas em sua produção por conta da estiagem.
Aos pescadores, o governo estuda, ainda, adiantar dois meses do pagamento do Seguro Defeso, que está previsto inicialmente para 15 de novembro.
Outra grande preocupação do estado é com o fornecimento de energia, já que a hidrelétrica de Santo Antônio teve sua operação parada por conta do baixo nível das águas. Alckmin, porém, destacou que não há risco para o fornecimento. “A energia está garantida na região. Foi feito um trabalho com antecedência de reserva de combustível. Mesmo com a paralisação da Usina de Santo Antônio, está garantida a energia”, pontuou.
Ele disse que o governo analisa a necessidade de contratar energia das termelétricas para a região. O governo programa ainda um investimento de R$ 56 bilhões em transmissão de energia, cuja maior parte será direcionada às regiões Norte e Nordeste.
O Programa Mais Médicos também enviará 240 médicos para Manaus, e 540 para o estado do Amazonas. O Exército, por sua vez, já atua no combate às queimadas e no apoio logístico. “Não faltará recursos”, reforçou o vice-presidente.
Mudanças climáticas
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, presente na comitiva, reforçou o apoio do governo federal ao estado e alertou para os impactos da mudança climática, que leva a cada vez mais eventos extremos no país.
“Nós estamos vivendo dois fenômenos. O cruzamento do El Niño, que é um fenômeno natural, com a mudança do clima de forma descontrolada, com o aquecimento do Atlântico Norte. O cruzamento desses dois fenômenos fez com que começássemos o ano com enchentes aqui no Amazonas e no Acre, e secas terríveis no Rio Grande do Sul. Estamos terminando o ano com seca terrível no Amazonas, Acre e Rondônia, e enchentes terríveis no Rio Grande do Sul”, lembrou Marina.
A comitiva enviada ao Amazonas reúne, além de Alckmin e Marina, os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), José Múcio (Defesa), Sonia Guajajara (Povos Indígenas), André de Paula (Pesca), além da secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Fernanda Machiaveli.
Fonte: Correio Braziliense